segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Aconteceu em...

Conselheiro Galvão.

Bem, uma das inúmeras idéias do Jogando na Retranca é trazer também alguns causos do futebol. Histórias curiosas, pitorescas, inusitadas, etc. Como quem aqui escreve por inúmeras vezes assistiu a jogos no aconchegante estádio Aniceto Moscoso, mais conhecido como Conselheiro Galvão, em função da rua no qual se localiza no bairro de Madureira, estádio de propriedade do clube homônimo, algumas ocorrências virão deste antigo e charmoso estádio, além de ser uma forma de homenagear a este e homenagear também o próprio Madureira Esporte Clube.

Pois bem... corria o ano de 1998. A equipe do Madureira fazia boa campanha no Campeonato Estadual, tendo se classificado na seletiva e, naquele momento, se posicionando na terceira colocação na tabela do returno (Taça Rio). Porém, naquela nublada tarde de quarta-feira, bem atípica, afinal, o bairro de Madureira é conhecido como um dos mais quentes do Rio de Janeiro, o visitante era nada mais nada menos do que o Vasco da Gama, que havia acabado de vencer o Campeonato Brasileiro do ano anterior e viria ainda ganhar a Libertadores, figurando em seu elenco nomes como Donizete, Luizão, Mauro Galvão, Carlos Germano, Juninho Pernambucano, entre outros. Em suma, um timaço, que brigava pela liderança daquele turno com o eterno rival Flamengo.

Normalmente, o Madureira, mesmo diante dos mais perigosos adversários, oferece enorme resistência em seus domínios, porém, naquele dia, o Vasco sobrava. Mas o que chamava atenção era que, a partir do momento em que o Vasco abriu o marcador, em meados do primeiro tempo, um torcedor nas socias do tricolor suburbano, postado exatamente atrás do banco de reservas do mesmo, começou a pedir um jogador chamado Paraíba.


"Oh, Omã! Coloca o Paraíba! O Zezinho tá correndo nada!"

Só ilustrando que Omã Fonseca era o então treinador do Madureira e Paraíba era a alcunha de um atacante reserva que não merece, por parte do autor deste texto, grande prestígio quanto a suas habilidades futebolísticas (e dá-lhe eufemismo). Mas, enquanto isso, nosso exaltado torcedor esbravejava cada vez mais e aqui reproduzo fielmente suas palavras:


"Porra, Omã! Tá cego, seu viado? Esse garoto, o Paraíba é bom de bola! Só tu que não vê! Tu quer é fuder nosso Madureira!"


Veio o intervalo e, tanto na saída quanto na volta do time, estava lá nosso intrépido defensor do Paraíba, causando já olhares curiosos nas sociais e até mesmo na comissão técnica. E continuou sua insistência no jogador cujo apelido é baseado no ilustre Estado nordestino.

E os gols vascaínos iam se multiplicando... dois... três... Até que, aos 15 minutos do segundo tempo, quem entra em trabalho de aquecimento? Ele, Paraíba! Nosso amigo vai a loucura de tanta saitisfação, elogia o treinador Omã Fonseca, incentiva o rapaz junto a grade e faz festa. Hora da substituição: Sai Zezinho, sob fortes protestos do exaltado tricolor suburbano e entra seu defendido.

Bola rolando, com uns dez a quinze segundos em campo, Paraíba divide forte demais com Juninho e... cartão amarelo! Nosso torcedor esbraveja!


"Isso que é disposição! O Zezinho tava só andando! O garoto já chegou mostrando vontade! Gostei de ver! É assim!"

Falta batida para o lado, inversão de jogo, Vasco administrando a vantagem de três gols... Inverte jogo novamente, bola nos pés de Juninho e... como um cometa, lá vem Paraíba em um carrinho impensado e desproporcional investido contra o meia vascaíno, carrinho no qual a bola estava já a uma distância de mais de um metro da jogada. O juizão não pensou duas vezes e, acertadamente, mostrou o segundo amarelo e, por consequência, o cartão vermelho ao faltoso.

Incrédulo, nosso torcedor desanima e senta em um dos caprichosos banquinhos das sociais, típicos banquinhos de praça que figuram naquele setor no estádio Aniceto Moscoso. Os jornais do dia seguinte mostraram a exatidão do intervalo de tempo no qual Paraíba entrou em campo, tomou um cartão amarelo e conseguiu um vermelho na sequência: 1 minuto e 4 segundos. Por falar em quatro... após o quarto gol cruzmaltino, o desolado tricolor suburbano abandonou o estádio.

Claro que um ou outro torcedor protestou com palavras como "Tá aí o seu Paraíba!!!", mas a situação soava como tragicômica para quase todos os presentes nas sociais. Poucos conheciam o atacante e creio que o próprio ficou espantado com tamanha veneração, já que ele claramente demonstrava não conhecer seu fã.

Apesar de ali estar torcendo para o tricolor suburbano, não pude deixar de rir com a situação. E por mais estranho que pareça, sim, eu já conhecia o futebol (ou melhor, a ausência deste) de um dos ilustres protagonistas deste causo e da expulsão mais rápida que já presenciei.

Por enquanto é só! Voltaremos com mais histórias inusitadas!
Até mais!

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