quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Balanço 2008 - Futebol do RJ (Parte IV)

Antes de mais nada, esclarecendo que a foto selecionada para ilustrar o 2008 do Vasco da Gama tem por objetivo homenagear o grande nome do Vasco: a sua torcida, que esteve incondicionalmente com o clube, independetemente de momento ou resultados.


Vasco - Bem, 2008 não trará boas lembranças para os vascaínos. Para este ano algumas contratações foram feitas, porém nenhuma que merecesse maior atenção. O grande "destaque" ficava por conta do goleiro-artilheiro Tiago, vindo da Portuguesa-SP.

Iniciemos com o Campeonato Carioca, onde o Vasco teve fraco desempenho, comandando por Romário e, depois, por Alfredo Sampaio. Desde a estréia, perdendo por 2 x 1 para o Madureira em São Januário, já dava pra ver que os bons ventos não batiam na colina. Houve algumas vitórias um pouco mais expressivas sobre fraquíssimas equipes como Mesquita e Cardoso Moreira, mas o fato exdrúxulo de as consideradas quatro grandes equipes somente jogarem em seus domínios acabaou ajudando (também) o Vasco a figurar nas duas semi-finais de turno.

Na semi-final da Taça Guanabara o Vasco encarou o Flamengo, promovendo a reestréia (mais uma) de Edmundo com a camisa cruzmaltina, sendo o Animal mais ovacionado e cantado pela torcida do que o próprio clube. Exceto pelo bom desempenho de Morais e Pablo, e do razoável partida de Edmundo, o resto do time se portou foi inferior e a vitória por 2 x 1 dos rubro-negros foi justa. E vale lembrar que o Animal cobrou pessimamente uma penalidade máxima no início da segunda etapa, perdendo-a e fazendo o Flamengo crescer no jogo novamente.

Para a Taça Rio a história se repetiu. Vitórias contra os pequenos e classificação para a semi-final, onde foi derrotado pelo Fluminense, nos pênaltis, em disputadíssima partida, cabendo a infelicidade de perder a cobrança derradeira o talentoso garoto Pablo, que poucos meses depois iria se transferir para o futebol espanhol. O Vasco estava fora do Campeonato Carioca.

Mas, se no Carioca o Vasco não passou de coadjuvante, na Copa do Brasil o time fez bela campanha, sendo derrotado somente pelo Sport-PE, nos pênaltis, após igualar o placar de 2 x 0 da primeira partida em Pernambuco. A cobrança perdida coube ao ídolo Edmundo, mandando a bola nas piscinas de São Januário.

Iniciava-se o Campeonato Brasileiro e as expectativas não eram boas. Tanto torcida como imprensa concordavam que o clube estaria longe de brigas por título ou vaga na Copa Libertadores. Alguns mais pessimistas tinham medo de uma possível ameaça de rebaixamento no fim do campeonato. De fato, o elenco era fraco, e ainda houve a troca no comando. Saiu Alfredo Sampaio e veio (mais uma vez) Antônio Lopes, que comandou o clube em um das suas fases mais gloriosas, mas que hoje parece estar ulrapassado. Apesar disso, o Vasco, nas primeiras rodadas, andou pelo meio da tabela, porém a queda foi vertiginosa já após a décima rodada e os pessimistas mosravam que seus medos tinham razão de existir.

Mas um outro fator de enorme importância ocorria no clube. Depois de longa briga judicial, com provas de fraudes na última eleição presidencial, a jusiça ordenou o remarcamento de uma nova e, finalmente, nesta a oposição, liderada pelo ídolo Roberto Dinamite, venceu. O Vasco saía de um calvário administrativo, de uma ditadura onde a imagem do ex-vice presidente e presidente até o momento da eleição, Eurico Miranda, se confundia com o próprio clube, afastando possibilidades de patrocínio e investimentos em geral. A maior parte dos vascaínos concorda que ese foi o único bom acontecimento para o grande clube da colina em 2008.

E como era esperado, Roberto herdou um grande abacaxi administrativo. Um clube com enormes dívidas e contas para pagar, poucas fontes de receita e um time de futebol que beirava o ridículo, se comparado com a bela história cruzmaltina. Neste tempo, as derrotas se acumulavam e pouco podia ser feito. Depois de algumas rodadas, Antônio Lopes foi demitido, enrando em seu lugar Tita, que pela primeira vez comandaria efetivamente um grande clube e também indicou algumas contratações, que vieram juntamente com a de dois veteranos outrora bons jogadores: Pedrinho e Odvan.

O desempenho do time e de Tita foi pífio. O treinador foi demitido e para seu lugar veio Renato Gaúcho, recém-saído do rival Fluminense após perder a Copa Libertadores. Renato tinha uma missão espinhosa pela frente e não havia tempo para brincar. O time estava na zona de rebaixamento e o fim do campeonato se aproximava.

Após algumas partidas, com atuações irregulares, indo de boas a sofríveis, o Vasco via seu destino sendo traçado rumo a Série B. Importantes partidas em São Januário, como contra o Figueirense e Atlético-PR, rivais diretos na briga contra o rebaixamento, resultaram em pontos perdidos. Aliás, o desempenho muito abaixo da média do Vasco dentro de São Januário, onde o Vasco normalmente se impõe e consegue boas vitórias, foi fatal para o resultado final na tabela de classificação. Outras partidas fora de casa, como o empate contra o Sport e as vitória contra Goiás (com um show particular do Animal) e Coritiba, traziam esperança, alento aos vascaínos, porém o clube chegou na última rodada tendo de jogar em São Januário, contra o Vitória-BA, que não tinha mais ambições no campeonato, precisando da vitória e por dois resultados negativos de seus três concorrentes (Náutico, Atlético-PR, que enfrentou o Flamengo, e Figueirense). Logo em seu estádio, palco de já ditas históricas vitórias, como as sobre River Plate e Barcelona-EQU que garantiram a Libertadores de 1998 para o Vasco da Gama, mas que 10 anos depois vinha sendo o cenário de derrotas seguidas.

A tensa partida complicou-se ainda mais quando o time baiano abriu o marcador, em fins do primeiro tempo. Em meados do segundo, apesar da desordenada e aguerrida pressão vascaína, o Vitória conseguiu mais um gol, fruto de um contra-ataque, e poderia ter conseguido outros mais.
Além do mais, nenhum dos resultados dos adversários era favorável, já que Atlético-PR e Figueirense venciam, além do Náutico que empatava, o que já era suficiente para colocar- os pernambucanos a frente do Vasco. Derrota. Inédito rebaixamento. Tristeza, porém apoio. Isso mesmo. Numa bela demonstração de paixão, a maioria esmagadora da torcida cantava a plenos pulmões o hino (confesso ter me emocionado e admirado fortemente isso), e demonstrava apoio e confiança na nova diretoria.

Algo importante a se dizer é que em nenhum momento durante o campeonato o elenco demonstrou falta de compromisso, falta de garra... muito pelo contrário! Em geral, os jogadores se esforçaram ao máximo, mas a baixa qualidade do elenco e o deficiente comando técnico empurraram o clube para baixo na tabela de classificação.
Ah, e sobre a torcida... poucas vezes vi demonstrações tão grandes de amor e apoio, pois em quase (senão em) todos os jogos do segundo turno esta fez-se presente, praticamente lotando São Januário e cantando para o clube, sem ações violentas, ameaças, etc. Aliás, as ameaças ficaram por conta do ex-presidente Eurico Miranda, prometendo acabar com Roberto Dinamite se o Vasco fosse rebaixado. Enfim...

E 2009 pode ser o ano da redenção vascaína. Sob uma nova diretoria, que agora terá tempo para ajeitar o clube e com o certeiro apoio da torcida, o Vasco tem tudo para fazer uma ótima Série B e voltar a figurar no seu lugar de direito no futebol.


Pontos Positivos:
* A troca de comando no clube após longos anos.
* O apoio incondicional da torcida.
* Ótimo desempenho do meia Madson e do goleiro Rafael, além do jovem volante Mateus.
* Vitória na batalha judicial como Fluminense por Leandro Amaral, que teve desempenho geral de fraco a razoável.

Pontos Negativos:
* Rebaixamento...
* A defesa, que se mostrou fraquíssima e insegura durante todo o ano.
* Não acertar o comando técnico. Nenhum dos cinco treinadores (se contarmos Romário) conseguiu desenvolver algo.
* Brigas políticas, com ameaças por parte do antigo presidente.
* A aposta com pouco sucesso nos veteranos Edmundo, Beto, Odvan e Pedrinho.


Esse foi o Vasco em 2008. Para encerrar a série, a próxima postagem dedicará atenção às demais equipes do RJ em 2008. Até Mais!

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